sexta-feira, 07 de agosto de 2015
450 trabalhadoras rurais do Paraná seguem para Brasília
Mulheres representantes da agricultura familiar e do assalariamento rural participaram da 5ª Marcha das Margaridas em busca de mais respeito e autonomia.
Cerca de 450 trabalhadoras do campo do Paraná se somarão às 70 mil brasileiras que juntas marcharam, no dia 12 de agosto, até a Esplanada dos Ministérios em busca de mais respeito e autonomia. A caminhada fez parte da 5ª Marcha das Margaridas, que acontece a cada quatro anos em Brasília, coordenada pela CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e com a participação de todas as Federações filiadas, entre elas a FETAEP (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná).
No Paraná, a FETAEP mobilizou toda a sua base sindical incentivando a participação feminina. Sete ônibus sairam do interior do Estado rumo à capital federal cheio de disposição e vontade de conquistar mais benefícios às mulheres trabalhadoras rurais. Este é o caso da trabalhadora rural Eliane Brunhera, de 36 anos, moradora do Assentamento Contestado, situado no município da Lapa (Região Metropolitana de Curitiba).
“Sou movida pela fé e esperança. Sonho com a igualdade entre homens e mulheres. A mulher, especialmente a da roça, tem que estar onde ela quer estar e não onde a sociedade quer que ela esteja”, desabafa a trabalhadora rural que já sentiu na pele a discriminação de gênero quando, há três anos, tirou sua habitação para dirigir ônibus e caminhões. Assim que surgiu uma oportunidade de trabalho em sua comunidade, Eliane não perdeu tempo. Enviou seu currículo e participou do processo seletivo. Fez vários testes e após eliminar os concorrentes – em sua maioria homens – foi aprovada. Porém, o que seria motivo de muita alegria e orgulho não passou de tristeza. “Após cinco dias de trabalho fui demitida porque a empresa não suportou a pressão. Muitas pessoas da minha comunidade, inclusive as mulheres, passaram a ligar no meu trabalho questionando a minha contratação e até mesmo ameaçaram a empresa”, relatou. Infelizmente, continua ela, a empresa não teve como suportar a pressão e acabou demitindo-a. “Muitas mulheres estavam entre as que questionavam minha presença, e mais: muitas delas oprimidas e vítimas de violência”, lamenta.
Para ela, a mulher do campo é muito mais oprimida do que a da cidade. “Uma mulher carpindo uma roça é algo bem aceito pela comunidade, porém um homem lavando roupa é inadmissível para esta sociedade”, conclui a trabalhadora rural. Chega de não podermos fazer determinadas coisas pelo simples fato de sermos mulheres.
Chegada em Brasília - As mulheres começaram a chegar em Brasília na manhã do dia 11 de agosto, quando acontecerá, a partir das 14h, uma conferência com o tema “Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”. Às 19h do dia 11 de agosto foi realizada a Abertura Oficial da 5ª Marcha das Margaridas, com a participação de vários representantes de movimentos e organizações de mulheres do Brasil e do mundo, e também de representantes do Governo Federal.
PROGRAMAÇÃO - 5ª Marcha das Margaridas
11 de agosto- terça-feira
08h às 12h – Chegada das delegações e credenciamento
14h – Conferência, Painéis Temáticos e Espaços Interativos
Painéis Temáticos:
· Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
· Mulheres na luta por autonomia econômica, trabalho e renda
· Mulheres em defesa da sociobiodiversidade e acesso aos bens comuns
· Mulheres Rurais Guardiãs da Cultura Camponesa
19h - Abertura oficial da 5ª Marcha das Margaridas
21h – Noite Cultural e Esportiva
12 de agosto - Quarta-feira
07h às 12h – Concentração e Marcha pela Esplanada dos Ministérios
15h – Resposta do Governo Federal à Pauta da 5ª Marcha das Margaridas