segunda-feira, 04 de abril de 2016
Câncer de Pele: um grande mal entre os trabalhadores rurais
Doença afeta mais de 180 mil pessoas só no Paraná, mas pode ser evitada através de hábitos simples e acompanhamento médico regular.
O sol – que na maioria das vezes é um grande aliado da lavoura – pode tornar-se um grande vilão quando o assunto é a saúde do trabalhador e da trabalhadora rural. Uma vida toda exposta ao sol, trabalhando em lavouras, sem proteção de filtros solares e com um agravante: peles muito claras. Este foi o histórico de fatores que causaram complicações de saúde em praticamente todos os membros da família do agricultor e diretor-tesoureiro do STTR de São Tomé, Antônio Marcelino Favoretto, de 52 anos. Além dele, seus três irmãos e seus pais foram diagnosticados, ao longo dos anos, com câncer de pele em diferentes estágios.
Segundo Antônio Favoretto, tanto sua mãe quanto seu pai sempre apresentaram complicações na pele, como o aparecimento de manchas, pequenas verrugas, constantes coceiras e irritações (Veja o box com os Sintomas do Câncer). Pela dificuldade de acesso a consultas médicas na época, a família demorou para procurar um especialista que pudesse diagnosticar as causas das complicações, o que agravou o nível da doença já presente no organismo de cada um. “O desenvolvimento do câncer foi um processo lento e no passado a gente não dava muita importância para os sintomas e os sinais que o corpo dá. Nós trabalhávamos todos com lavouras de café e de algodão e passávamos o dia todo sob o sol forte, sem praticamente nenhuma proteção. Foram os anos de exposição ao sol que aceleraram o desenvolvimento da doença”, conta o agricultor, que foi obrigado a adaptar seu trabalho e se mudar para a cidade para deixar de trabalhar na lavoura.
A agricultora Angelina Favoretto, 65 anos, irmã mais velha de Antônio Favoretto, também tem problemas crônicos de pele. Desde a juventude trabalhou na roça e sempre sofreu com irritações, manchas e coceiras pelo corpo. Mas somente aos 40 anos de idade, depois de mais de 20 anos de trabalho debaixo do sol, ela foi ao médico e foi diagnosticada com câncer. “Antigamente não sabíamos que existia protetor solar, para consultar um médico a gente tinha que viajar, não existia informação. Em São Tomé, no meu município, tem muita gente com essa doença e acho que em outros lugares também foi assim, porque não se falava sobre isso”, conta. Apesar do câncer de pele ser o tipo de câncer mais comum entre os brasileiros, sua prevenção é simples. Entenda abaixo:
MSTTR conscientiza a categoria quanto aos riscos
O câncer de pele é mais comum em pessoas acima de 40 anos de idade, sendo relativamente raro em crianças e negros, com exceção daqueles já portadores de doenças cutâneas. Pessoas de pele clara, que quando expostas ao sol queimam-se facilmente, são as principais vítimas. As informações são do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Embora tenha mais chances de cura se for descoberto precocemente, o tumor de pele matou 3.316 brasileiros somente em 2013, último dado disponível. Dez anos antes, em 2003, foram 2.140 óbitos. No Paraná, mais de 180 mil pessoas, entre homens e mulheres, foram diagnosticadas em 2016.
Diante desse preocupante cenário, a secretária de Políticas Sociais da FETAEP, na área da Saúde, Marucha Vettorazzi, considera a conscientização como importante aliada da prevenção. “É importante conscientizar a população para que os índices da doença sejam reduzidos e, nesse sentido, temos focado nossas ações em difundir informações – mediante a realização de eventos formativos e palestras – que conscientizam as pessoas a se prevenirem contra doenças e irem ao médico regularmente”, afirma.
Além disso, continua ela, é preciso adotar alguns hábitos diários que podem diminuir as chances de desenvolver o problema. “Utilizar filtro solar todos os dias, mesmo em dias nublados, e evitar sair nos horários de radiação mais intensa, entre 10h e 16h, são dicas simples que podem evitar grandes complicações de saúde no futuro. Sempre buscamos difundir essas informações e conscientizar as pessoas através do Movimento Sindical”, destaca ela.
Prevenção!
- Usar chapéus de palha e de aba larga; camisetas ou camisas de manga longa; calças compridas; calçados fechados e protetores solares;
- Evitar a exposição solar entre 10h e 16h. Não sendo possível, redobre os cuidados de proteção.
- Usar filtros solares diariamente. Procure um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplicar o produto conforme orientação do fabricante. Ao utilizar o produto no dia-a-dia, aplicar uma boa quantidade pela manhã e reaplicar de acordo com a necessidade.
- Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas.
- Consultar um dermatologista uma vez ao ano para um exame completo.
Sintomas Comuns
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele pode ser confundido facilmente com pintas, eczemas e outras lesões que não são necessariamente malignas para o organismo. Por isso é importante conhecer bem sua própria pele e ficar atento à qualquer sinal diferente ou irregular que possa surgir. Só um exame clínico pode de fato diagnosticar o câncer, mas fique atento à estes sintomas:
- Lesão na pele de aparência brilhante e elevada, translúcida, escura, avermelhada ou rósea, com uma crosta central que sangra facilmente;
- Uma pinta preta ou castanha que muda sua cor e textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
- Uma ferida ou uma mancha que não cicatriza e continua crescendo, apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento. (Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia)
Tipos de Câncer de Pele
O Instituto do Câncer aponta que existem dois tipos diferentes de câncer de pele. O primeiro deles, chamado de câncer não-melanoma, é o mais frequente entre a população e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. Por outro lado, este tipo de câncer apresenta altos percentuais de cura se for detectado precocemente. Por isso, apesar de ser o tipo de maior incidência, também apresenta os índices mais baixos de mortalidade. O segundo tipo é o denominado câncer melanoma, e tem origem nos melanócitos (células que produzem a melanina, substância que determina a cor das peles), atingindo mais frequentemente adultos de pele branca e sensível. É considerado o tipo mais grave devido à alta possibilidade de metástase das células, o que significa que o tumor se espalha de forma acelerada a partir do lugar onde se originou para outras partes do corpo, devido à grande dispersão das células cancerígenas pelo organismo. (Fonte: INCA.)