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terça-feira, 23 de junho de 2015

FETAEP: um outro olhar para a reforma agrária

Se tem que fazer justiça nesse país, é preciso começar dando terra para o povo trabalhar e viver com dignidade

Durante o Grito da Terra Brasil e Paraná, realizado no mês de maio desse ano, uma das bandeiras de luta encabeçada pela FETAEP foi a luta pela terra. Mobilizou mais de 250 trabalhadores e trabalhadoras rurais acampados da reforma agrária para pressionar o INCRA nas desapropriações de terras que estão paradas por conta da inoperância e morosidade do Instituto Agrário. É a FETAEP, ao apostar nesse tão sofrido público, demonstrando seu apoio à reforma agrária e se comprometendo com as origens do Movimento Sindical, que surgiu mediante as disputas de terras há mais de 50 anos.

“O Movimento Sindical dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais só existe porque existiu a luta pela terra. Portanto, temos a certeza de que este é o caminho certo a seguir trilhando e não vamos parar enquanto milhares de famílias – tanto as que estiveram em Curitiba na ação do Grito da Terra quanto as que permaneceram no campo - não tiverem seus espaços para trabalhar e viver”, comenta o presidente da FETAEP, Ademir Mueller.

Porém, é importante salientar que a FETAEP não faz a luta sozinha e precisa do apoio desse exército de trabalhadores que se encontra na base. “A luta não acontece sem não tivermos um Sindicato forte na base, se não tivermos uma Federação estruturada. Isso só acontece com a participação dos trabalhadores”, enfatiza Mueller.

O secretário de política Agrícola da FETAEP, Marcos Brambilla, salienta que a Federação tem por princípio ouvir a base primeiro. “Olhamos para eles e buscamos força na união para a resolução dos conflitos. Todo o nosso trabalho tem o dedo do trabalhador e dos Sindicatos. Se acertar, acertamos juntos. Se errar, reconhecemos, e seguimos em frente”, diz Brambilla. Para ele, a Federação não está fazendo mais do que o seu papel que é buscar o acesso à terra, ao trabalho e à alimentação, ajudando a melhorar a vida de quem vive embaixo da lona, de quem espera um pedaço de terra para poder sustentar sua família com dignidade.

“Sabemos da luta diária de vocês e por isso seguiremos pressionando para que a função do Estado seja cumprida, que é a de dar espaço e condição para o povo viver”, acrescenta. O Movimento não está querendo tirar nada de ninguém. Tratam-se de terra endividadas com a União. “Portanto, vamos conquistar a parte que nos pertence. Se tem que fazer justiça nesse país, é preciso começar dando terra para o povo”, afirma.

O secretário de Política Agrária da FETAEP, Alexandre Leal dos Santos, ressalta que as demandas desses trabalhadores não serão esquecidas e que se for preciso o Movimento voltará a acampar em frente ao INCRA, porém não para ficar um ou dois dias, e sim até ser atendido com posições concretas em favor de uma reforma agrária efetiva.