sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Censo Agropecuário 2017 mostra queda na agricultura familiar
Dados divulgados ontem pelo IBGE apontam redução no Paraná e no Brasil
Mais de cinco milhões de propriedades rurais no Brasil foram pesquisadas durante a elaboração do Censo Agropecuário 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do trabalho foi apresentado nesta sexta-feira (25) no Palácio Iguaçu, em Curitiba. A diretoria da FETAEP participou do evento e o presidente, Marcos Brambilla, chamou a atenção para a redução do número de propriedades rurais no Paraná. “É preocupante que em 11 anos mais de 60 mil famílias tenham deixado de viver no campo em nosso estado. Esses dados são fundamentais para que possamos trabalhar propostas que gerem oportunidades e renda, capazes de conter essa saída desenfreada do agricultor familiar do campo.”
No Brasil, a situação é a mesma. Os dados do Censo Agropecuário 2017 apontam que a agricultura familiar encolheu. A redução foi de 9,5% no número de estabelecimentos classificados como de agricultura familiar, em relação ao Censo anterior, de 2006. O segmento também foi o único do setor agropecuário a perder mão de obra. Enquanto na agricultura não familiar houve a criação de 702 mil postos de trabalho, a agricultura familiar perdeu um contingente de 2,2 milhões de trabalhadores no país.
Ainda assim, a agricultura familiar continua representando o maior contingente (77%) dos estabelecimentos agrícolas do país. Mas, por serem de pequeno porte eles ocupam uma área menor, de 80,89 milhões de hectares, o equivalente a 23% da área agrícola total. Em comparação aos grandes estabelecimentos, responsáveis pela produção de commodities agrícolas de exportação, como soja e milho, a agricultura familiar responde por um valor de produção muito menor: apenas 23% do total no país.
Considerando-se, porém, os alimentos que vão para a mesa dos brasileiros, os estabelecimentos de agricultura familiar têm participação significativa. Nas culturas permanentes, o segmento responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão.
Apesar dos dados mostrarem que a agricultura familiar registrou perdas nos últimos anos, o governador Carlos Massa Ratinho Junior afirmou que o Paraná quer estimular a manutenção do jovem no campo e para isso há uma série de iniciativas nas áreas de tecnologia, infraestrutura e comunicações. “Nós concentramos 85% da produção em pequenas propriedades, onde a agricultura familiar é muito forte. O desafio é manter a atratividade dos negócios para as novas gerações”, ressaltou.
“O próximo ciclo é o da industrialização. Os agricultores têm deixado a enxada pela tecnologia, pelos smartphones e drones. Nós temos incentivado o cooperativismo e realizamos investimentos na rede trifásica de energia para manter uma agricultura forte e diversificada, capaz de gerar ainda mais renda”, afirmou Ratinho Junior.
O governador também citou que o Código Florestal mudou a realidade da produção agrícola entre os dois Censos (2006 e 2017), movimento que foi acompanhado pelos órgãos paranaenses e pela iniciativa privada. “Nós fazemos uma agricultura sustentável e verde, preservamos nossos rios e a injeção de defensivos agrícolas no Estado é feita de maneira equilibrada”, acrescentou.
Dados do Censo Agropecuário 2017 mostram aumento da mecanização
O Censo Agropecuário 2017 mostrou queda no número de trabalhadores e aumento de tratores nos estabelecimentos agropecuários (49,9%), ou 409.189 unidades a mais em relação ao Censo Agropecuário de 2006. O número de estabelecimentos que utilizavam este tipo de máquina em 30 de setembro de 2017, data referência do estudo, aumentou em mais de 200 mil, alcançando um total de 734.280 produtores.
O Censo 2017 contou 5.073.324 estabelecimentos agropecuários no Brasil, com redução de 2% em relação a 2006, mas a área dos estabelecimentos cresceu 5,8% no período e chegou a 351.289.816 hectares. Com exceção do Nordeste, houve aumento de área em todas as regiões. No Sul, esse aumento ocorreu mesmo com a queda no número de estabelecimentos.
O número de produtores que declararam ter acesso à internet cresceu 1.900%, passando de 75 mil, em 2006, para 1.430.156 em 2017. A área total irrigada cresceu 47,6%, passando de 4,5 milhões para 6,69 milhões de hectares, no período. O analfabetismo entre os produtores rurais também recuou.
De acordo com o IBGE, 81,3% dos produtores são do sexo masculino e 18,7% do sexo feminino, o que representa um aumento na participação das mulheres. Quanto à idade, houve redução na participação dos grupos de menores de 25 anos, de 25 a menos de 35 e de 35 a menos de 45, enquanto a dos grupos mais velhos aumentou.
A cor ou raça do produtor que dirige o estabelecimento foi pesquisada pela primeira vez em um Censo Agropecuário. A distribuição é de 45,4% brancos; 8,4% pretos; 0,6% amarelos; 44,5% pardos; e 1,1% indígenas.
Os dados completos podem ser acessados em https://ibge.gov.br