Notícia

terça-feira, 04 de agosto de 2020

Já são 380 nascentes recuperadas em Capitão Leônidas Marques, região oeste

Projeto preserva nascentes em meio à seca no Paraná

 

O estado do Paraná vive em 2020 a maior seca dos últimos 50 anos. Mas remando contra a maré, uma cidade de pouco mais de 15 mil habitantes na região Oeste do estado está despontando como exemplo de preservação e recuperação de nascentes de água. Trezentas e oitenta nascentes já foram recuperadas em Capitão Leônidas Marques (CLM), que abastecem e atingem de maneira direta aproximadamente 5 mil famílias.

Só na propriedade do agricultor Claudemir Dallabrida, esta é a quarta nascente recuperada. Francisco Caetano Martins, superintendente de bacias hidrográficas do Paraná, ressalta que numa visão macro, o alcance é bem maior, tendo em vista que essas águas nascentes em CLM desembocam logo após a última das sete barragens do Rio Iguaçu, agregando água às Cataratas do Iguaçu, e continuam pelos córregos do Brasil até a Patagônia. “Vimos conhecer o modelo do município e quem sabe poder levá-lo para todo o estado. É uma alegria ver de perto este programa e que bom se ele for estendido ao estado. Vejo que este sistema de parcerias entre a comunidade civil, prefeitura, sindicato e convênios deu muito certo e a ideia é incorporar ao programa Rio Vivo, criado recentemente pelo governo estadual”, acrescentou Martins.

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) da cidade participa e apoia o projeto que vem beneficiando os agricultores familiares, trazendo água de qualidade para o consumo humano e animal. Claudio Zeni, presidente do STTR, ressalta também a “importância de projetos como este para a agricultura familiar na região e por consequência, para todo o estado do Paraná”.

O projeto nasceu da vontade do agricultor marquesiense Edelano Rohers, 49 anos, gestor ambiental pela Uninter, um dos diretores do STTR da cidade e atualmente também vereador pelo Partido Verde. Ele explica que a preservação ou recuperação da nascente é um trabalho que exige conhecimento e que precisa ser feito com o mínimo de interferência possível na natureza ao redor. “Temos que trazer o material, usar máquinas, mas sem a retirada de árvores e da vegetação. Preservamos o máximo que podemos. Para isso, além do conhecimento técnico, contamos com a parceria da prefeitura com seu maquinário e materiais, e também dos próprios agricultores, que muitas vezes emprestam suas máquinas para o serviço”, explica Rohers.

 “O município é rico em água, mas devido à má conservação de solo, muitas foram assoreadas. Nosso objetivo é reverter isso, para que o agricultor tenha uma água de qualidade e com potencial muito bom”, explica o secretário municipal de Meio Ambiente, Valter Giachini. A prefeitura fornece material e mão de obra.

Para o superintendente de bacias hidrográficas do Paraná, sem dúvida o projeto coloca o município como exemplo de preservação, de cuidado com a natureza e com a vida.

 

Programa Água Pura

A recuperação de nascentes em Capitão Leônidas Marques teve início em 2013 e o trabalho recebeu o nome de Programa Água Pura. Edelano Rohers conta que naquele ano Pedro Dísio veio da cidade de Matelândia para o instruir e ensinar como fazer a recuperação: “Em 2013, quando eu estava responsável pelo departamento do meio-ambiente do PV, estabelecemos como uma das ações a recuperação das nascentes”. A ação se estendeu a nascentes de 27 comunidades do município, chegando hoje a um total de 380 nascentes recuperadas. Mil e duzentos alunos participaram também do trabalho. A prefeitura da cidade acabou ganhando dois prêmios estaduais por gestão pública e ambiental.

O programa então ultrapassou os limites municipais e chegou às cidades de Santa Lúcia, Boa Vista, Capanema, Realeza e Palmas. “Este trabalho é uma satisfação porque preserva e podemos perceber os resultados imediatos que traz, vendo a água brotando limpa, tornando-se córregos e rios, que geram vida para a população, viabilizam a agricultura, trazem peixes, e tudo mais. É sonho que este projeto se torne estadual, nacional, e quem sabe, esteja um dia em todo o mundo”, declara o idealizador.