segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
Secretária de mulheres da FETAEP representa PR em intercâmbio sobre agricultura familiar
Visita da delegação da Contag ao Chile marca último evento de troca de conhecimentos do ano
O último intercâmbio de conhecimentos sobre agricultura familiar do ano das organizações afiliadas à Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam) recebeu a delegação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) para compartilhar histórias de sucesso da produção local. As federações paranaenses foram representadas pela secretária de Mulheres da FETAEP, Ivone Francisca de Souza, que se uniu a uma delegação formada por 12 líderes da agricultura familiar das cinco regiões do Brasil. Ao longo de uma semana, os representantes visitaram órgãos chilenos e conheceram experiências de agricultores que têm acesso a políticas públicas e prosperam em suas produções.
O evento foi promovido pela Coprofam, pelo Movimento Unitário de Camponeses e Etnias do Chile (Mucech) e pela Contag, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Agrícola (Indap), e teve como objetivo o fortalecimento das capacidades individuais e coletivas dos líderes rurais para melhorar a organização, representação e defesa dos interesses e direitos dos agricultores e agricultoras.
O roteiro
No primeiro dia, a parada foi na sede regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Santiago. A visita teve como propósito tornar as ações da organização na região conhecidas. A delegação da Contag foi recebida por Luiz Carlos Beduschi, responsável pelas políticas da organização na América Latina e Caribe. “Foi muito importante conhecer a atuação da FAO em conjunto com os governos e com as organizações da sociedade civil, analisou Ivone Francisca de Souza, 1ª vice-presidente da FETAEP e secretária das Mulheres.
Na manhã do segundo dia, a visita foi no Instituto de Desenvolvimento Agrícola (Indap), órgão ligado ao Ministério da Agricultura do Chile, responsável pela execução das políticas públicas para a agricultura familiar e por ações relacionadas ao desenvolvimento da produção rural. Os brasileiros puderam conhecer o funcionamento da entidade e o trabalho que desenvolve, principalmente com relação a programas e assistência técnica.
Em seguida, a primeira parte do intercâmbio terminou com visita da delegação à sede do Movimento Unitário de Camponeses e Etnias do Chile (Mucech), organização irmã e filiada à Coprofam. A delegação foi recebida pelo presidente Orlando Contreras e os participantes trocaram experiências e conheceram o trabalho do movimento como a elaboração de planos de ação para manter a unidade entre as organizações campesinas e indígenas na representação e defesa de suas bases.
Nos últimos três dias, os dirigentes e assessores visitaram experiências individuais e coletivas de agricultores campesinos em várias comunas, que são a menor subdivisão administrativa do Chile e podem abranger cidades, vilas ou aldeias. Nessas idas à campo conheceram os produtores e suas formas de produção, comercialização e organização. “Foram experiências muito edificantes. Estivemos em uma vinícola, visitamos produções de frutas, hortaliças e flores e voltaremos para casa com muitas ideias”, disse Ivone.
Lições
Um grande problema identificado pela delegação foi a falta de água. A fonte principal no Chile vem do derretimento das geleiras da Cordilheira dos Andes e, no verão, essa oferta diminui. “Praticamente não chove no país. Em algumas regiões o período chuvoso não chega a 300 mm e a média anual é de 160 mm”, afirmou Ivone. No Brasil, a pluviosidade média é de 668 mm, por exemplo.
Outro aspecto observado foi a política de crédito, que é muito similar à brasileira por meio do Pronaf, segundo Mazé Morais, secretária de mulheres rurais da Contag. Mazé foi membro da delegação brasileira e considera que o apoio do estado com o crédito rural, juntamente com o diálogo das organizações na Reunião Especializada em Agricultura Familiar do Mercosul (REAF), “auxiliou na transformação de agricultores familiares em grandes produtores”.
Mazé ainda ressaltou as diferenças e semelhanças na representatividade feminina nas organizações. “Neste intercâmbio notei várias semelhanças com a nossa organização, mas também algumas diferenças notáveis como a participação das mulheres. No Mucech, a junta nacional é composta somente por homens, diferente da igualdade de gênero que praticamos na Contag refletindo em metade das secretarias com direção feminina”, analisa.